26 outubro 2009

Gravações indicam ingerência dos Sarney

O jornal Folha de S. Paulo revelou, na edição de ontem, que investigação da Polícia Federal apontou suposto tráfico de influência do empresário Fernando Sarney junto a repartições públicas do setor elétrico com conhecimento e participação de seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A investigação, ainda segundo a publicação, reúne interceptações telefônicas feitas com autorização judicial.

Em gravação mostrada pelo jornal, Sarney orienta o filho a arranjar emprego a aliados na cúpula da Eletrobrás, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, dirigido por Edison Lobão, amigo do senador. Outra interceptação mostra Fernando comunicando que, após concretizadas nomeações indicadas pelo pai, iria “atacar” apadrinhados para liberar recursos de patrocínio a entidades privadas ligadas à família Sarney.

Há duas semanas, a Folha divulgou que a família Sarney interfere na agenda de Lobão, que negou. A reportagem mostrava que Fernando tem acesso garantido ao gabinete do ministro. A investigação da PF ainda não foi concluída - nem o senador é alvo de apuração porque para isso a polícia teria de solicitar autorização ao Supremo Tribunal Federal. Mas gravações mostradas pela Folha revelam que contatos para preenchimento de cargos na Eletrobrás tiveram início em fevereiro de 2008, um mês depois da posse de Lobão.

No dia 14 daquele mês, Fernando solicitou auxílio do pai para arrumar colocação a um amigo, o engenheiro Flávio Decat. “Quero orientação a respeito daquele meu amigo do Rio que está aí esperando chamado seu, da Roseana”, disse Fernando. “Manda passar no Senado. Às 17h30 no meu gabinete”, sugeriu Sarney. Três meses depois, Decat estava na Diretoria de Distribuição da estatal, setor criado por Lobão.

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