13 novembro 2009

Especialistas acham improvável que o blecaute tenha sido causado por condições meteorológicas

Apesar de o governo insistir que a causa do apagão estaria conectada às más condições do tempo, especialistas e órgãos do governo ligados ao setor climático discordam. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, saiu em defesa do sistema energético brasileiro e disse que a queda das três linhas de transmissão de Itaipu decorreu de uma adversidade meteorológica. Mas as chuvas ocorridas no Paraná e em São Paulo, segundo especialistas, foram insuficientes para deixar 18 estados brasileiros às escuras.

De acordo com registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apesar da condição de instabilidade observada no Paraná, onde a energia é transmitida de Foz do Iguaçu para duas estações de São Paulo, a única chuva ocorrida nas proximidades, no município de Dois Vizinhos, foi considerada dentro da normalidade.

Para o professor de engenharia elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) José Antônio Jardini, a explicação do governo sobre o ocorrido não bate. “Só o motivo das chuvas não explica. Seria preciso, além de um temporal, outros fatores interligados para gerar um blecaute dessa magnitude”, adverte.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também contestou a afirmação do governo. Por meio de nota, o órgão justificou que embora houvesse tempestade na região próxima a Itaberá, no sul de São Paulo, as descargas elétricas estavam distantes 30 quilômetros da subestação e cerca de dois quilômetros das linhas que saem de Itaipu com destino a São Paulo. Outro fator analisado pelos técnicos diz respeito à baixa intensidade das descargas. Segundo o comunicado, para causar o desligamento de uma linha de transmissão de energia seriam necessários mais de 100Ka, isso se a linha fosse atingida diretamente. A descarga mais forte registrada em Itaberá foi de 20Ka, incapaz, em condições normais, de causar dano dessa natureza.

Sobrecarga
Mauro Moura, especialista em engenharia elétrica ligado à Universidade de Brasília (UnB), acredita que a falha na transmissão de energia pode ter ocorrido devido à sobrecarga das demais linhas geradoras, se transformando num efeito cascata, apesar de a tecnologia prever uma espécie de precaução para casos como esse, evitando um desligamento total. “Uma chuva intensa pode dar descarga em uma linha, o que é um pouco raro. Agora, a reação em cadeia é anormal. Essa anormalidade é que deve ser verificada”, conclui

Nenhum comentário:

Postar um comentário