10 dezembro 2009

Pesquisa do IBGE mostra que a população gasta mais que o governo com remédios, médicos e hospitais

O governo perde para as famílias quando se trata de gastos com a saúde. O cidadão tem mais despesas com remédios, atendimento hospitalar e serviços relacionados a atenção à saúde do que o setor público. A diferença paga pela população pelos cuidados médicos é de 38% maior do que os desembolsos do Estado. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, enquanto as famílias compraram R$ 128,9 bilhões em bens de consumo e serviços neste setor, a administração pública gastou R$ 93,4 bilhões.

Todo esse montante significa que cada brasileiro pagou, em média, R$ 673,10, para manter ou tentar recuperar a saúde. Em contraponto, as despesas do governo com cada cidadão que necessitou dos serviços públicos de saúde ficou em R$ 487,70. "Isso mostra que existe espaço de fato para o poder público ampliar seus investimentos. As despesas no setor privado são maiores não por esses gastos seremexcessivos, mas porque as despesas públicas não são suficientes", avaliou o ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e atual diretor do centro de relações internacionais em saúde da instituição, Paulo Buss.

PIB

Se forem somados os gastos dos setores público e privado, os recursos seriam equivalentes a 8,4% do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de tudo que é produzido no país -, quase o mesmo volume aplicado por nações desenvolvidas, que investem, em média, 9% do PIB, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Não é tão ruim. Estamos próximos da média", afirmou o pesquisador do IBGE Ricardo Moraes. A despeito do otimismo de Moraes, quando os dados são separados, o investimento público fica aquém da média mundial. Nessa comparação, representa apenas 3,5% do produto interno, contra participações mais elevadas dos Estados Unidos (16%), França (11%), Alemanha (10,4%) e Canadá (10,1%).

No Brasil, mesmo com investimentos modestos, os gastos públicos com saúde subiram 32,6% entre 2005 e 2007. “Houve crescimento porque mais gente começou a procurar o sistema de saúde. Por outro lado, houve também uma qualificação maior no atendimento. Somos um dos países que têm o maior número de transplantes de órgãos no mundo, por exemplo", justificou Buss. "Temos apresentado melhoras no atendimento, embora não deixe de sempre existir algum grau de insatisfação.”

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