04 dezembro 2009

PT e PMDB, cada um de maneira própria, tentam evitar que investigações da Polícia Federal enfraqueçam união em 2010

O surgimento de nomes do PMDB em gravações da Operação Caixa de Pandora e no material apreendido dentro da Operação Castelo de Areia (1), ambas da Polícia Federal, deixou petistas e peemedebistas em alerta, no sentido de trabalhar para blindar a chapa presidencial alinhavada entre os dois partidos. No caso do PMDB, a preocupação é não deixar que as denúncias de corrupção, em especial aquelas do Distrito Federal, enfraqueçam a inclusão do presidente da Câmara, Michel Temer, na chapa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. Da parte do PT, a intenção é monitorar as investigações para que o partido não seja surpreendido mais à frente.

Temer: ação judicial por ter nome citado em gravações - (Carlos Moura/CB/D.A Press - 2/2/09)
Temer: ação judicial por ter nome citado em gravações
Ontem, os petistas afirmaram em conversas reservadas que, pelo menos até o momento, nada mudou. Temer é o nome mais forte para formalizar a aliança. Até pela forma incisiva como ele reagiu às duas citações - a da Operação Caixa de Pandora no DF e a da Castelo de Areia, em São Paulo -, o PT considera necessário aguardar, uma vez que não há nada comprovado que desabone o presidente da Câmara.

Na avaliação dos petistas, ainda que Temer tenha qualquer "incidente" que o obrigue a ficar longe da chapa, o PMDB tem outros nomes, como o presidente do Banco Central, o ministro Henrique Meirelles, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, pré-candidato do PMDB ao governo de Minas Gerais, e, ainda, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Geddel, aliás, já se referiu a si próprio há alguns meses como o "Dilmo da Dilma".

Queixa

Ontem, os peemedebistas se apressaram em responder de forma incisiva às denúncias. Temer anunciou ainda que irá ingressar com uma queixa-crime contra Alcyr Colaço, que cita seu nome e o de mais três peemedebistas numa fita gravada pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa. O deputado também ingressará na Justiça de São Paulo, para que haja interpelações relativas à citação de seu nome em uma suposta planilha apreendida na Operação Castelo de Areia, realizada em março deste ano, sobre denúncias de pagamento de propina pela construtora Camargo Corrêa.

No caso do DF, a citação de Temer e de mais três integrantes do partido numa das fitas do arsenal de Durval Barbosa - objeto da Operação Caixa de Pandora - foi tratada como uma %u201Carmação%u201D do grupo do governador Joaquim Roriz contra aqueles que lhe negaram a legenda para concorrer ao governo local. "Roriz queria uma intervenção no PMDB do DF e nós fomos contra, por isso, ele agora tenta nos envolver nisso. Já entrei com uma queixa-crime", afirma o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "E isso não muda nada. Temer continua como o nome preferencial para candidato a vice", diz o líder, referindo-se à reunião em que PMDB e PT voltaram a discutir a aliança nacional na última quarta-feira, onde discutiram os palanques estaduais.

A gravação é datada de 17 de setembro deste ano - mesmo dia em que Roriz perdeu a chance de ser candidato pelo PMDB e Durval recorreu à delação premiada. Ali, são citados Temer, Alves, e os deputados Eduardo Cunha (RJ) e Tadeu Filippelli (DF) como receptores de recursos do propinoduto do DF. Ontem, os quatro anunciaram ações judiciais para que Colaço comprove na Justiça o que diz no vídeo. Cunha foi o mais incisivo: "Tendo em vista a divulgação de vídeo contendo citação ao meu nome, praticada por dois meliantes, quero registrar a minha indignação e desmentir de forma peremptória que tenha qualquer tipo de relação com estes indivíduos e com qualquer fato político envolvendo o Distrito Federal", diz o texto, que segue fazendo insinuações sobre aqueles que saíram do PMDB, sem citar o nome de Roriz: "Os diálogos expostos pela gravação são mentirosos e certamente escondem interesses políticos escusos daqueles que já saíram de mandatos pela porta dos fundos e buscam uma vingança sórdida por estarem longe do PMDB".

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